quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fecunda

Estou aqui todos os dias. A tua espera.
Te espero desde ontem, desde hoje, desde sempre, desde o útero, desde o Big Bang.

Todos os dias foram feitos para te esperar.

Que dor essa falta, que chego a confundir com solidão. Mas não é, pois é falta com nome e endereço.

Os dias passam, as horas, os fins de semana e eu estou esperando. Essa semente em mim que não seca. Esse grito que não sai, é gritado pra dentro da minha alma velha, minha alma de mulher velha e de criança chorando, de criança desmamada, de criança sem mãe. Essa alma que vaga sem rumo sem caminho sem peito sem colo sem sol.

Grito por você, por mim, pela alma de todas as mulheres e por todas as esperas. De quem nunca chegou.

Essa música melancólica que já sou eu, essa melancolia de fel. Muda, grito - me tire daqui, - me leve de uma vez, - dê um jeito em mim. Eu, que sou espera.

Nenhum comentário: