sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Jesusalém (II)

E o Mia Couto ali, na minha frente, a escrever sua ternura, mas nem precisava pois já derrama tudo, nos olhos, na fala mansa...
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É a própria poesia vestida de homem. Sua sutileza é um espanto.
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Vou postar lá nA Cafona sobre esse péssimo hábito que ele me despertou: tietar! Logo eu, que cresci sem ídolos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Eureka

Fui assistir ao Galocantô na Saúde e fiquei olhando um sinhozinho, de cabeça branca, todo animado, dançando pertinho da mesa, de onde sua mulher olhava desconfiada...
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A velhice é para quem gosta de dançar!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Para além de...

Quanto preconceito a nos separar da Vida. Estive pensando sobre isso, sobre sermos arremedos de nossos pais e antepassados e levarmos tantos anos para nos livrarmos de ideias preconcebidas. Até a vida nos abraçar com toda sua grandura leva tempo. E mesmo assim, talvez só chegue para 5% das pessoas, pois dá trabalho, tem que cavar fundo, olhar para dentro, arrumar a casa, separar o que é seu e o que lhe passaram... graciosamente, a te podar...

Índico

"Tudo em mim é Não"
Vivo na curiosidade
Me defino com a verdadeira face
Mas não me limito

Hoje mandei, amanhã vou pedir
Me sopraram Pacamutondo
É como me chamo
Porque estou no cimo da montanha
E não há duas sem três

Na música encontro palavras doces para enganar a vida

O cúmulo é que não sei dançar
Com rabiscos de Moçambique
É que rio: "kakakaka"

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

WalterZand

Muito interessante a experiência percussionista deste moçambicano. Ouve só.


Foto: Sérgio Costa


Jesusalém

meu deus meu deus me deus! Que ninguém me salve de Jesusalém, de Mia Couto, que entrou indelevelmente no meu coração.
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É tão profundamente lindo, que economizar lágrimas é desperdiçar o livro.
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Me pergunto de forma preconceituosa como pode um homem conhecer assim a alma dos solitários, dos traídos, das crianças, das mulheres abandonadas, dos mentirosos, dos sem razão e dos covardes...
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Ler o que foi escrito diretamente no Português é um alívio. Nada de remendos, tentativas, a obra já se dá perfeita.
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No Brasil, fizeram o desserviço de editá-lo com o título "Antes de nascer o mundo".

Encantador de Mim

Somos poetas
Um do outro

Encantadores,
Vamos nos prometendo
Véus, sorrisos, espaços
Crianças correndo pela casa
Abelhas, peixes, pássaros
Espumas, sol poente
Canecas de café
E bolo quentinho

Vamos nos prometendo
A vida de mel
Ritmada
Como onze-horas, girassóis, beija-flores
A vida açucarada
A balançar

Coberta, sofá
Tapete, corrimão
Gestos amplos
Sapateados
Danças, rouquidão
Vamos prometendo

A música que cantamos
Enxaropados
Poetas que somos
De nós dois